Startup

Especialista fala sobre o que deve ser avaliado ao se investir em startups

Nemer Rahal, sócio executivo da Mindset Ventures, destaca as diferenças entre investimentos diretos ou via fundos

Ao longo dos últimos anos, a procura de investidores brasileiros por investimentos em startups de forma direta ou via fundos de venture capital tem sido crescente. De forma geral, investidores que aderem a esta classe de ativos são atraídos pelo alto potencial retorno e diversificação de risco, oferecidos pela alocação de recursos em empresas de tecnologia. Além disso, a busca por esse tipo de investimento por vezes vem acompanhado de um interesse adicional: a aproximação do ecossistema de inovação no qual as empresas estão inseridas.

Este efeito verificado no mercado local segue uma tendência também observada internacionalmente. De acordo com a pesquisa Family Offices Investing in Venture Capital, realizada em julho deste ano, cerca de 14% do portfólio dos family offices ao redor do mundo em 2021 era composto por investimentos em venture capital, enquanto que se espera que essa parcela feche o ano de 2022 em 16%.

Indiscutivelmente, a alocação de uma parcela do portfólio de investimentos em startups pode ser bastante interessante, dependendo do perfil de risco e horizonte de tempo do investidor. Entretanto, cabe avaliar as diferenças, vantagens e desvantagens de se investir diretamente nas empresas ou via fundos de venture capital.

Nemer Rahal, sócio executivo da Mindset Ventures, gestora brasileira de venture capital que conecta investidores a empresas de tecnologia localizadas nos Estados Unidos e em Israel, argumenta que, por definição, investimentos via fundos oferecem diversificação do risco no investidor, na medida em que os recursos são alocados em múltiplas empresas, ao contrário do investimentos direto no qual o risco é concentrado em uma ou poucas startups. Adicionalmente, ao investir em gestores bem estruturados, o investidor passa a contar com uma equipe de especialistas conectada neste mercado, com acesso a um fluxo muito maior de oportunidades por ano e com processos de análise e seleção que tendem a  aumentar significativamente a chance de sucesso do investimento.

Smart Money – Além de permitir aos investidores a possibilidade de se exporem a este mercado, algumas gestoras de venture capital também proporcionam algo estratégico às startups: o “smart money”. Hoje, alguns fundos já passam a atuar de forma ativa no suporte às suas empresas investidas a fim de auxiliá-las em seu crescimento, o que indiretamente gera valor também ao investidor, que será beneficiado pelo crescimento das empresas no portfólio do fundo em que investe. 

Atualmente, a Mindset Ventures conta com uma equipe de Value Creation responsável por coordenar este tipo de atuação. “Dispomos não apenas de uma equipe de Value Creation focada 100% em dar assistência às empresas investidas nas mais variadas frentes, como também temos uma plataforma em nosso website com dezenas de provedores de serviço que podem ser acessados pelas nossas startups com descontos e benefícios exclusivos”, destaca o executivo.

Investir diretamente em uma startup também torna o processo consideravelmente mais desafiador. Nemer pontua que o investidor basicamente se tornará sócio direto de uma empresa, o que envolve processos de documentação mais complexos, além de passar a ficar exposto a potenciais passivos dependendo do mecanismo societário que utilizar. Por fim, ao investir diretamente em uma empresa, o investidor não contará com qualquer tipo de auxílio profissional para acompanhar seu investimento e precisará vender sua participação por conta própria no momento em que desejar se desfazer de sua posição.

Em resumo, sobre as razões pelas quais fundos de investimento em venture capital poderiam ser mais adequados que investimentos diretos a investidores em busca de oportunidades de alocação de recursos em startups, Nemer Rahal ressalta: (i) a diversificação, levando em consideração que o investidor dificilmente conseguiria, com os mesmos recursos, diversificar seu investimento alocado diretamente em startups tanto quanto através de um fundo; (ii) a qualidade da gestão, considerando que o gestores contam com time dedicado ao tema, o que aumenta o fluxo de transações analisadas e gera valor às empresas investidas; e (iii) a praticidade burocrática e operacional de se investir por meio de um fundo quando comparado a alocações diretas nas empresas. 

Nemer ressalta que, de modo geral, pelo fato de startups serem empresas jovens, naturalmente oferecem risco maior que empresas mais maduras, assim como um potencial de retorno também mais alto a seus investidores. “Startups possuem muito espaço para crescerem e se desenvolverem, enquanto, na maioria das vezes, as empresas negociadas em bolsa ou já mais maduras se limitam a crescimentos mais tímidos”, destaca. “É importante ressaltar que todos os investimentos em startups devem ser considerados de risco, e justamente por isso é tão importante contar com a expertise de gestoras para auxiliarem no processo de alocação de recursos”, diz.

Sobre a Mindset Ventures
Fundada em 2016, a Mindset Ventures é uma gestora brasileira de venture capital que conecta investidores a empresas de tecnologia em estágio inicial localizadas nos Estados Unidos e em Israel, principalmente aquelas com potencial de expansão para o Brasil. Em seis anos, o Fundo já investiu em mais de 50 startups, principalmente dos segmentos de saúde, softwares corporativos, fintech, agronegócios e segurança cibernética, das quais ao menos dez já atuam no país. A Mindset Ventures também recebeu prêmios em Israel nos anos de 2017 e 2018, na categoria de Fundos de Venture Capital mais ativos e reconhecimento pela Chambers como um dos melhores fundos de Fintech de Israel.

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