Diferentemente do mercado tradicional, as startups levam em seu DNA uma agilidade nata. Muitas das ideias que surgem nestes locais abrem caminho para grandes inovações, o que dá a essas pequenas empresas um enorme potencial de crescimento. E o caminho entre essas duas pontas passa por uma ideia clara do negócio, pela cultura e, principalmente, por uma equipe engajada e focada em fazer a empresa prosperar. Por isso, a área de gestão de pessoas – RH, tem papel fundamental no crescimento das startups.
Segundo um estudo do CBInsight, a terceira maior causa de fechamento das startups é a falta de um time certo. Além disso, um dos pontos mais avaliados pelos investidores durante um pitch é a capacidade que a startup vai ter de escalar o crescimento da sua equipe – e não só o produto ou serviço que oferece.
Para saber qual é o momento certo em estruturar essa área na sua empresa, Daiane Andoginini, CEO da HUG – consultoria em gestão de pessoas especializada em startups, incentiva que todos fiquem atentos aos sinais que vêm da equipe.
“Eles podem começar sutis, mas se intensificam à medida que o time aumenta. No começo as startups são pequenas e as pessoas estão mais próximas, mas com o crescimento, a equipe vai ficando sobrecarregada, começam os problemas na comunicação e as dificuldades para atrair os talentos certo”, explica.
Por isso, separamos algumas dicas para utilizar na sua empresa e, assim, perceber se já é o momento certo em implantar a área de gestão de pessoas na sua startup.
1. Jornada de crescimento:
As startups que estão em fase de tração e scale up, ou seja, no momento mais intenso da jornada de crescimento precisam vincular o objetivo do negócio com o plano de desenvolvimento.
“É nessa fase, geralmente, que elas costumam pensar em gestão de pessoas date driven, seja em relação ao plano estratégico, no recrutamento ou programas de total rewards. Por isso, se a ideia da implementação desse RH já estiver prevista de maneira clara, mais tranquilo e eficaz será o crescimento”, fala Daiane Andoginini.
Entender esse primeiro passo é importante, principalmente se o empreendedor já estiver programando a próxima rodada de investimento, pois é bem provável que nesse ciclo a startup cresça e ele precise cuidar melhor da gestão de pessoas.
“O time vai crescer, o alinhamento da comunicação já não será tão fácil e simples como antes, ao mesmo tempo em que as lideranças precisarão de apoio e desenvolvimento”.
2. RH como estratégia na sua startup:
É importante entender que a cada momento que a startup passa, o impacto da área de pessoas será diferente. Ao receber investimentos de fundos de venture capital, por exemplo, isso demonstra um potencial ainda maior de sucesso daquele negócio. Conforme o crescimento vai avançando, mais estratégica deve ser a função do RH para garantir que as pessoas entendam para onde o negócio está caminhando e qual será o seu papel nessa jornada.
“Nos nossos benchmarks, em média, existe uma pessoa de RH para cada 30 funcionários da startup. Por isso, acreditamos que é importante começar com alguém e, logo em seguida, planejar o crescimento dessa estrutura. Se a empresa conseguir ser preditiva sobre sua área de gestão de pessoas quando ainda conta com 10 colaboradores, ainda melhor”, explica Daiane.
3. Sempre é tempo de estruturar seu RH
Se a sua startup já possui mais de 30 funcionários e ainda não estruturou a sua área de gestão de pessoas, isso não quer dizer que o sucesso ficará longe do seu negócio. A MaxMilhas é um dos cases da HUG Consultoria e começou o projeto de estruturação quando a empresa já contava com quase 100 colaboradores.
“Adotamos uma estratégia mais robusta para estruturar o time de pessoas, o que incluiu a contratação de um Gerente Sênior e mais 3 business partners. A equipe foi crescendo organicamente à medida que o negócio avançava, levando a empresa a triplicar o número de funcionários”, conta a especialista.
4. Pense no futuro
É importante pensar no futuro quando o assunto é a estruturação do RH do seu negócio. Além de levar em conta o momento e as dores atuais, o plano de crescimento da sua startup deve estar nessa lista de prioridades. É esse time de gestão de pessoas, pontua Daiane, que terá um dos papéis mais importantes em várias áreas da sua empresa, em especial a atração de novos talentos.
“Com uma estrutura consolidada, o RH pode ajudar a empresa a atrair os melhores profissionais. Ele pode, por exemplo, criar uma cultura de dados no recrutamento e construir uma ‘máquina’ de aquisição de talentos. Com isso, a empresa se tornará mais assertiva e rápida nas contratações”.
5. Crescimento e desenvolvimento da cultura da empresa
Conforme a empresa cresce, problemas como desalinhamentos na cultura e nas competências exigidas de seus líderes acabam surgindo. É muito comum, por exemplo, os fundadores perceberem alguns comportamentos que destoam do que se espera das pessoas, assim como problemas com a comunicação, que nem sempre chega a todas as áreas ou da maneira ideal.
Nesse caso, segundo Daiane, o RH contribui para a empresa criando, por exemplo, uma jornada do colaborador – employee experience –, fundamentado na cultura e nos objetivos do negócio, alinhando as expectativas do colaborador desde o recrutamento até o último dia dele na empresa.
“Essa perspectiva clara do que a empresa é, sua cultura e o que se espera e oferece ao colaborador contribuem para atrair os melhores talentos do mercado para integrar o time da sua startup”, afirma.
Mesmo os empreendedores que conseguem identificar facilmente suas dores e quando precisarão de um RH encontram dificuldades em escalar esse time e em estabelecer a priorização das atividades que vão garantir o crescimento da startup.
O trabalho de uma consultoria de gestão de pessoas, nesse caso, é entender o tamanho do desafio que o empreendedor tem pela frente e, a partir disso, construir uma cultura de gestão de pessoas que vai escalar. Dessa forma, relata Daiane, a consultoria percebe que o empreendedor consegue se sentir seguro em relação às decisões tomadas e ter mais foco para se dedicar às estratégias e execução do negócio.
Segundo dados internos da HUG, cerca de 90% das startups que a consultoria apoiou na construção da área de gestão de pessoas conseguiram atingir seus percentuais de crescimento previstos, adquiriram mais liquidez ou se mantiveram competitivas diante a pandemia. “A tecnologia é a pedra angular das startups, mas ela precisa criar conexão entre as expectativas das pessoas e o propósito da empresa. E criar desde cedo uma estrutura de Gestão de Pessoas vai ajudar para que essa conexão se mantenha forte e conduza todo o time pelo caminho do sucesso”, finaliza a especialista.
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