Tendência de Consumidor: O que esperar para os próximos meses
Por Marcelo Navarini*
Conforme adentramos o segundo semestre de 2022, percebemos que algumas perspectivas que especialistas projetaram para o mercado acabaram sendo mais pessimistas do que a realidade tem nos mostrado. Por mais que a primeira metade do ano tenha se mostrado um cenário mais complicado para os varejistas por conta da redução de vendas e do aumento da inflação, os últimos dois meses trouxeram dados um pouco mais favoráveis sob a perspectiva do consumidor.
Considerando que estamos ingressando na reta final do ano, que contém datas importantes para o comércio, como black friday e o Natal, há uma leve melhoria nas expectativas. Isso se reflete no valor de mercado das gigantes do varejo, e deverá também impactar positivamente o segmento das micro e pequenas empresas com melhores vendas neste final de ano.
É importante que os varejistas fiquem atentos às tendências que se mostram cada vez mais fortes quando falamos do comportamento dos consumidores e da jornada de compra que eles realizam, desde canais de compra, logística e pós venda, e claro, as formas de pagamento disponíveis.
Por exemplo, uma tendência que está cada dia mais presente no cotidiano dos consumidores é o PIX, o sistema de pagamento instantâneo começou a operar em novembro de 2020, e segundo um levantamento divulgado pela Febraban em dezembro de 2021, o método de transferência já possui aprovação de 85% dos brasileiros, superando a TED e o DOC como principal meio de pagamento digital do país.
A possibilidade de realizar uma transferência instantânea em qualquer dia e hora, além da segurança da transação, são os principais motivos que alavancaram a popularidade desta operação. Dessa forma, diversas lojas digitais passaram a habilitar a opção para que o consumidor finalize a compra transferindo o valor via Pix através de um código gerado no check-out. Tendência importante de se atentar para gerar mais comodidade ao cliente.
Em julho, falei nesta coluna sobre uma grande tendência do mercado do varejo que também serve de indicativo sobre como será o futuro do consumo: trata-se do Social Commerce. A estratégia, muitas vezes atrelada a um modelo de negócio em múltiplos canais de venda, vem crescendo em popularidade.
Dados levantados pela Accenture mostram que esse tipo de comércio possui um índice de crescimento até três vezes maior quando comparamos com o comércio tradicional. Esse impacto deverá ser sentido no Brasil uma vez que somos um dos países mais conectado às redes sociais.
A crescente do s-commerce, porém, não enfraquece o e-commerce, que segue sendo um dos principais canais de consumo no mundo. Segundo dados colhidos pela Neotrust, o e-commerce teve um crescimento de 27% no Brasil em 2021, registrando o faturamento de R$ 161 bilhões, e tudo indica que o canal continue performando bem e alcançando grandes faturamentos.
Outra tendência que se estende não apenas para o varejo é o ESG, sigla em inglês que engloba marcas e companhias que possuem governança social e ambiental. O consumidor, agora, tende a optar por marcas e negócios que se posicionem em prol do ecossistema ou que sejam mais sustentáveis em suas operações, transmitindo a noção de acolhimento e proporcionando um conforto moral para seus clientes.
Quando pensamos na sazonalidade neste segundo semestre é comum levarmos em consideração o fator de sobreposição de eventos importantes que irão ocorrer. Temos as eleições e a Copa do Mundo acontecendo com um curto intervalo de tempo, e isso pode ligar o sinal de alerta para os grandes e pequenos varejistas nesta reta final. O tópico foi comentado em evento recente que reuniu grandes marcas varejistas, e a maioria se mostrou otimista, contudo cautelosa.
Por fim, com base no cenário atual, creio que o fechamento do ano para o mercado varejista será razoável, conseguindo se manter acima do que foi prospectado no início de 2022.
* Marcelo Navarini é COO do Bling, sistema de gestão da Locaweb Company. O executivo é Administrador e Mestre em Economia Internacional. Antes do Bling, Navarini atuou como Investment Officer na CRP Cia de Participações, em transações de Venture Capital e Private Equity, além de outras experiências em empresas do setor financeiro e de bens de consumo. Atualmente acumula, também, o cargo de Diretor de Operações da Pagcerto.