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Black Friday 2022: como escapar das promoções de mentira?

Black Friday se ampliou para Black Week, com algumas marcas até declarando Black Month. Com tantas ofertas, consumidor precisa estar atento - Artigo por Euriale Voidela

A Black Friday chega com números favoráveis na economia brasileira. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em outubro, a estimativa para a inflação oficial em 2022, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), baixou para 5,85%. A previsão anterior, de setembro, era 6,3%. Tal fator, de grande relevância para o bolso do consumidor, pode incentivar ainda mais os consumidores a comprarem em promoções e liquidações neste final de ano.

Não é à toa que a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico) estima que a Black Friday 2022, que acontece no próximo dia 25, movimentará cerca de R$ 6,05 bilhões no e-commerce, aumento de 3,5% comparado a 2021. A data comercial é marcada por grandes ofertas e descontos interessantes, mas também por armadilhas que podem ser prejudiciais ao consumidor.

Uma pesquisa recente, realizada pela consultoria de consumo Offerwise, em parceria com o Google, constatou que 60% dos entrevistados possuem a intenção de realizar compras na Black Friday 2022 no Brasil. A consulta foi efetuada em outubro, com aproximadamente 500 pessoas das classes A, B e C, que declararam já conhecer a ação da Black Friday.

Se o momento parece propício para ir às compras, é bom não descuidar. No ano passado, somente o Procon-SP registrou mais de 700 reclamações. Outras dez mil, relativas a negócios realizados no Brasil todo, foram publicadas no Reclame Aqui. Na prática, um índice quase 20% superior aos números de 2020.

Hoje, o consumidor não tolera mais falsas promessas das marcas. Há uma desconfiança generalizada, que termina por rotular a Black Friday como uma celebração do consumismo e apenas uma forma de tirar mais dinheiro dos consumidores, já que proliferam denúncias de que as reduções de preços são apenas “para inglês ver”. Eu aposto que você já ouviu a expressão Black Fraude, não?

O mundo digital deixa pegadas. Há muitos rastreadores que permitem provar e expor vendedores que aumentam os preços pouco antes da Black Friday para, em seguida, diminui-los drasticamente. A própria promoção vira ficção. Ou, como dizem por aí, é “tudo pela metade do dobro.”

Conforme levantamento realizado pela Neotrust, uma empresa de inteligência de dados do e-commerce, a Black Friday de 2021 teve faturamento total de R$ 5,4 bilhões, um crescimento de 5,8% em relação ao ano de 2020. Analisando sobre a ótica das compras, o tíquete médio nacional de 2021 foi de R$ 711,38, ou seja, 6,4% maior do que em 2020.

Diante de um cenário otimista, a Black Friday 2022 pode ser um mar de oportunidades. Em contrapartida, também há o risco de enfrentarmos um tsunami de denúncias de fraudes ou de reclamações dos consumidores. Por isso, é necessário estar atento, escolher com calma em qual oferta investir e buscar empresas que respeitem o consumidor verdadeiramente.

E aí vem a pergunta: que cuidados o consumidor brasileiro deve seguir para não cair em reduções artificiais ou falsas de preços de marcas que não respeitam o consumidor? É quase impossível não cair na tentação de, pelo menos, dar uma espadinha naquele produto que estamos há tempos de olho. Afinal de contas, nos últimos anos, no Brasil e no mundo, a Black Friday se ampliou para Black Week, com algumas marcas até declarando Black Month. Com tantas ofertas, o consumidor brasileiro necessita estar atento às armadilhas.

1-) A Internet nos dá ferramentas para verificar preços e a reputação das marcas – vamos usá-las!

Neste momento, a internet é uma grande amiga do consumidor. Um exemplo são os sites de comparação de preços, que permitem verificar se o produto que você deseja comprar é realmente uma pechincha ou apenas uma jogada falsa de marketing. Tais comparadores de preços — como BuscapéCompare TechTudoJáCotei ou serviço comparativo do Google, entre outros — permitem rastrear o preço do produto, quanto custou ao longo do ano, seis meses atrás ou pouco antes da Black Friday.

Pode acontecer que, duas semanas antes do período de liquidação, o preço do produto que escolhemos seja o mesmo ou até mais baixo! Recentemente, esse tem sido um procedimento frequente usado por marcas menos confiáveis — aumentar os preços pouco antes do período da promoção e depois reduzi-lo, o que realmente nos faz voltar ao preço inicial. O consumidor, além de não realizar um bom negócio, vai se sentir enganado.

Os sites de comparação de preços online são muito úteis. Eles facilitam a percepção de certas tendências e a tomada de decisões de compra nos períodos certos, quando os produtos que nos interessam serão os mais vantajosos em preço. E isso não precisa, necessariamente, coincidir com um período de saldos sazonais, como a Black Friday ou o Natal. Também podemos adicionar um produto que planejamos comprar a seguir para recebermos alertas quando o preço cair.

2-) Cuidados com a regra de indisponibilidade

Outro ponto importante para o consumidor ficar esperto são os Breve descrição da Empresas chamativos e publicitários de produtos que já estão acabando ou mesmo têm prazo de validade curta: “Produto disponível só agora!”, “Só hoje!”, “Oportunidade só até o final da semana” etc. Essas chamadas nos incentivam a comprar na Black Friday e atraem a atenção dos consumidores em meio a um mar de outras ofertas.

Vale salientar que as empresas se utilizam de diversas técnicas juntas durante os períodos de grandes liquidações com mecanismos de influência no momento da compra. Uma delas é a regra da indisponibilidade. Isso se explica por um certo fenômeno de comportamento — as pessoas geralmente desejam mais o que não está disponível ou o que é escasso e complexo de conseguir.

Coisas difíceis de se conseguir são mais valorizadas. E esse é um dos princípios utilizados como estratégia pelas empresas que querem melhorar suas vendas antes do fim do ano. Promoções temporárias, reduções de preço apenas até o final do dia ou descontos disponíveis apenas se você realizar alguma ação (como se registrar no aplicativo da loja) criam a sensação de que capturamos uma oportunidade única.

Com o tempo, no entanto, verifica-se que os descontos são de fato cíclicos e as reduções de preço não ocorrem apenas neste dia. Algumas lojas online também usam o mecanismo de incluir um contador que mostra quantas pessoas estão visualizando um item no momento. É outro mecanismo para nos ajudar a tomar uma decisão de compra imediata, visto o risco do produto acabar logo.

Notemos com que frequência as promoções aparecem na oferta de diversas lojas e como aparecem. Um exemplo simples: na compra de dois produtos iguais em uma embalagem, o preço unitário será significativamente menor. Muitas vezes decidimos por tal compra, mesmo que não precisemos do último ou sem considerar que, em condições normais, não compraríamos o primeiro! Fique atento e não caia nas técnicas de vendas de produtos que você não necessita efetivamente.

3-) Compre de marcas que respeitam o consumidor — reputação e propósito importam!

A confiança do consumidor em uma marca é impulsionada pela qualidade, pelo atendimento ao cliente e pelas promessas verdadeiras com real entrega de valor. Nesse período de Black Friday, as ações de marketing serão focadas em chamar a atenção do consumidor para seus produtos ou serviços, que precisam se destacar em meio a tantas outras ofertas. Antes de tomar sua decisão de compra, os consumidores deverão prestar atenção especial à qualidade dos bens tangíveis e intangíveis e à credibilidade da marca, avaliando qual é a opinião de outros consumidores sobre ela e os sentimentos em relação aos produtos e sua oferta.

A alta concorrência de mercado com a grande oferta de produtos e serviços, alinhada às crescentes exigências dos consumidores, torna o desafio para as empresas de conquistar os corações dos brasileiros maiores. Hoje, não basta atrair clientes, é necessário colocar aquela cereja no bolo e superar as expectativas deste consumidor para garantir que ele volte a comprar naquela empresa e ainda faça uma recomendação positiva.

Para as empresas, colocar esse consumidor no centro de sua estratégia e possuir toda as suas jornadas de compras e relacionamento mapeadas com ações estruturadas para melhorar a experiência de seu cliente não é mais um diferencial, mas uma necessidade real.

Na ótica do consumidor, para que ele confie hoje em uma marca, é necessário um conjunto de requisitos: adequar-se ao seu caráter; possuir um propósito de marca adequado; respeitar outros consumidores; apresentar canais de atendimento coerentes com as necessidades dos clientes; divulgar ofertas verdadeiras; e, ainda, cumprir as promessas e valores com a qualidade dos produtos ou serviços ou com as outras preferências em relação a produtos e serviços, bem como em relação à própria marca.

Hoje, os consumidores não aceitam mais marcas que não respeitam outros consumidores. Neste período de Black Friday, a recomendação é consultar sites de reputação e reclamações como: Consumidor.gov.brProcon ou Reclame Aqui.

O consumidor está cada dia mais atento, com acesso a informações e com baixa tolerância a ser enganado. Ele tem maior consciência sobre as técnicas e sobre os mecanismos que as marcas utilizam para o encorajar a comprar.

Outro ponto importante a lembrar é que, ao fazer compras na Black Friday, os consumidores possuem os mesmos direitos que em qualquer outro dia do ano. Desta forma, garanta seus direitos em qualquer desvio de promessa da marca.

Consumidor, esteja atento antes de comprar e busque marcas que verdadeiramente lhe valorizem e que possuem boas reputações!

4-) Planejamento de compras é a chave para economizar!

Na maioria das vezes, na Black Friday, planejamos fazer uma compra maior, pois contamos com maiores descontos. Antes de irmos às compras, recomendo criar uma lista detalhada dos produtos que pretendemos adquirir — necessariamente checada em sites de comparação de preços online — e, acima de tudo, calcular o orçamento que temos para gastar. Esse modelo não se aplica apenas à Black Friday. É a chave para uma boa gestão do orçamento familiar e não nos fará entrar no próximo ano com dívidas.

Evite fazer compras por impulso. Antes de comprar, reflita se realmente necessita desse produto. Se há dúvida, que tal adiar a decisão por algum tempo? Você não precisa comprar algo só porque está em promoção. Antes do início da Black Friday, o mais importante é preparar um orçamento para que você saiba exatamente quanto pode gastar em qualquer capricho. Fazer uma lista de compras na situação atual não é mais um bom conselho, é dever de todo consumidor que deseja viver economicamente equilibrado.

Lógico que a Black Friday pode ser uma ótima chance de comprar aquele produto que tanto deseja a um preço amigo. Basta apenas estar atento a todas as dicas para não cair em armadilhas e focar em marcas que realmente valorizam ter você como cliente!

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Euriale Voidela

CEO na Customer Centric Consulting e Fundadora Comunidade Customer Force. Consultora de clientes com sólida experiência em governança empresarial, experiência de clientes, comportamento de consumo e satisfação do consumidor com mais de 20 anos de atuação. Mentora, consultora, palestrante e colunista em canais de autoridade do segmento. Diversas premiações em sua carreira e eleita melhor Profissional do Mercado Digital em Customer Experience, Prêmio Digitalks 2019. E-mail: euriale@customercentric.com.br

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