Storytelling: a arte de contar histórias para gerar engajamento real
Você se perguntou porque algumas coisas prendem nossa atenção e outras não? É impressionante como diante de certas propagandas, filmes ou novelas, somos atraídos de forma quase involuntária, esperando para ver o que vai acontecer. Mas saiba: isso não é aleatório ou gratuito, e está diretamente ligado à forma como uma história é contada. Desta forma, hoje vamos falar sobre storytelling: a arte de contar histórias para gerar engajamento real e prender a atenção das pessoas, e como ela pode ajudar a vender seu produto digital.
A importância de contar histórias
O cérebro da imensa maioria das pessoas funciona de maneira emocional. Por isso, é mais fácil convencê-las de algo contando histórias, e essa tradição atravessa a história da humanidade.
Em muitas famílias contar histórias é uma tradição, com mães e avós usando narrativas para entreter, acalmar e ensinar princípios e valores para as crianças. Isso ocorre inclusive em diferentes países e culturas. As histórias podem variar, mas o hábito permanece.
Nossos antepassados se reuniam sempre em volta de fogueiras, e ali conversavam e contavam histórias. Nessa época, isso tinha como função criar uma integração entre o grupo, passar informações de segurança e, principalmente, gerar conexões.
A capacidade das histórias de gerar conexões continua, e por isso elas são elementos fundamentais para atrair seu público e gerar proximidade com ele, o que tem se tornado mais difícil a cada dia.
Mas por que está mais difícil atrair as pessoas, afinal?
A atenção como um recurso escasso
Hoje, é muito difícil conseguir a atenção das pessoas.
O mundo mudou. A velocidade de tudo aumentou exponencialmente. Somos bombardeados com informação o tempo inteiro e por todos os lados. As novas gerações parecem não ter paciência para processos lentos ou textos longos.
Diante disso tudo, as pessoas têm menos tempo de ficar nas redes sociais assistindo vídeos ou lendo longos conteúdos, e certamente não vão gastar esse tempo com coisas que considerem chatas ou cansativas.
Por tudo isso, é fundamental trazer elementos lúdicos para os conteúdos que produzimos, fazer com que o público se veja na história que estamos contando, se identifique, seja contagiado pela emoção que passamos.
E é aí que o storytelling entra.
Observando alguns elementos e princípios, é possível atrair a atenção das pessoas, fazer com que elas se envolvam e passem a se importar com a história que estamos contando. Com isso, vencemos o filtro que as pessoas têm no cérebro e que faz com que só guardem aquilo que consideram importante.
O engajamento pela emoção tem, inclusive, base científica: quando as pessoas se emocionam, são gerados estímulos neuroquímicos como a ocitocina, que gera bem-estar. Dessa forma, as pessoas tendem a prestar cada vez mais atenção.
Os 4 elementos fundamentais do storytelling
O primeiro dos elementos fundamentais para contar uma boa história é a existência de um personagem forte e cativante.
As pessoas não se sentem atraídas por personagens mornas, simplórias, que não tomam posição e não chamam a atenção por praticamente nada. Isso é visível inclusive em reality shows como o Big Brother, onde gente assim é facilmente eliminada.
O segundo elemento é uma mensagem interessante a ser passada. Histórias que falem de superação, esperança e resolução de problemas costumam ter boa aceitação.
O terceiro elemento, ainda que possa parecer estranho, é um conflito. Sempre tem de haver um conflito! Os conflitos trazem ação e movimento às histórias e, sem eles, há a sensação de que não acontece nada.
E o quarto e último elemento é a ambiência. Veja: o que chamamos de ambiência aqui são detalhes e descrições que permitam ao público se envolver na história. Descrever sensações, cheiros, gostos, fazer gestos, incorporar um tom de voz melancólico para contar uma história triste ou um tom efusivo para um enredo alegre: tudo isso faz parte.
Os 4 momentos da jornada do herói
O que “Guerra nas Estrelas”, “O Rei Leão”, “O Senhor dos Anéis”, “Cinderela” e “Harry Potter” têm em comum? Além de todas serem histórias de fantasia, todas elas passam pela jornada do herói, tendo por isso alguma semelhança em sua narrativa.
A jornada do herói foi um conceito trazido pelo mitologista americano Joseph Campbell, que percebeu que todas as histórias mitológicas, ainda que contadas em diferentes partes do mundo, seguem um padrão frequente, ainda que não único.
Esse padrão começa com um momento de crise, em que o herói se encontra em apuros. Em seguida, há um momento de êxtase, causado pela resolução da crise anterior. Logo depois, há uma nova queda, com o herói em dúvida em relação a si mesmo e sua capacidade. E, finalmente, há o momento em que ele descobre a solução de seu problema e levanta voo.
Como dissemos, essa estrutura pode ser observada em quase todas as histórias, mas cabe irmos para um exemplo mais prático e direto.
Um exemplo da jornada do herói
Como exemplo, posso falar de minha própria trajetória e da forma como a uso em minhas redes sociais.
Alguns anos atrás, tive que passar por uma cirurgia neurológica que exigiu um processo longo e complexo de recuperação. Achava, no entanto, que tinha ganho uma história para contar, já que julgava minha trajetória muito simples até então.
Aí, veio a crise: ainda em recuperação, eu não sabia como poderia atrair meus clientes novamente, já que à época eu trabalharia com coisas que exigem certo trabalho presencial (consultoria, coaching, nutrição). Como chegaria aos meus clientes? Como seria capaz de abordá-los, como atrairia uma demanda novamente?
Então, apareceu a solução: em casa, na internet, vi uma propaganda de um curso de marketing digital. Interessada, pesquisei e cheguei à conclusão que era daquilo que eu precisava! Afinal, se não poderia ir até meus clientes, com o marketing digital, poderia trazê-los até mim. Um êxtase, seguindo a trajetória.
Em seguida, no entanto, me vi acometida de uma forte depressão: eu não sabia, afinal, nada sobre marketing digital, não sabia sequer o que era um domínio. Entrei em grupos em que as pessoas falavam em landing page, e-mail marketing… Termos que eu não entendia à época. Comecei a chorar, me perguntando se teria que desistir do meu sonho.
Encarei a tarefa de frente, estudei como uma louca, fiz milhares de cursos (e gastei muito dinheiro, afinal os cursos eram caros à época), busquei me aprofundar o máximo que conseguia. Certo tempo depois, lancei meu primeiro produto: um congresso brasileiro online de nutrição.
Hoje, tenho 14 produtos digitais e ajudo mulheres que têm as mesmas dificuldades que tive a se inserirem no mundo digital, a acreditarem nos seus sonhos e a lançarem seus produtos com todas as facilidades que não tive.
Contando a sua história
Assim como contei a minha história, você também pode usar o storytelling para contar a sua, e a partir daí inserir essa história em vários contextos: escrever um livro, lançar um produto com base nessa história, escrever um e-book, fazer uma biografia resumida.
Muitas pessoas se perguntam, no entanto, se perguntam como usar uma história tão longa nas redes sociais. Aí está a questão: você não precisa contar a história inteira.
Falando por mim, eu uso com frequência trechos ou versões resumidas da minha trajetória para explicar minha entrada nas redes sociais, onde trabalho, e meu propósito aqui.
Da mesma maneira, é possível usar pequenos trechos e histórias menores para falar de superação, medo, autossabotagem. Passe a reparar em como essas histórias estão presentes nos anúncios, e você logo estará criando as suas. Não se preocupe com a extensão da história: o mais importante é ela estar bem contada.
(*) Márcia S. Pereira – Nutricionista de formação, mas que se encontrou mesmo atuando no Desenvolvimento Humano e Profissional.