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Conheça histórias inspiradoras de empreendedoras, gestoras e investidoras que se superam durante a pandemia

Em um ano que surpreendeu o mundo, mulheres enfrentam barreiras e desafios para "darem conta" de todas as responsabilidades; muitas delas estão à frente do mercado de trabalho

Embora o mercado de trabalho esteja mudando e as empresas estejam se preocupando com ambiente e políticas mais igualitárias, as mulheres ainda não dominam os cargos de liderança.

Um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontou que o Brasil ocupa a 25ª posição na lista de países com mulheres em cargos de chefia. A mesma entidade avaliou 115 países e concluiu que 39% dos cargos de gestão na América Latina e no Caribe são ocupados por mulheres. 

Com a pandemia e com o fato de que muitas mulheres carregam a responsabilidade de, além de serem profissionais, também cuidarem da casa e dos filhos, a presença feminina no mercado de trabalho sofreu sérias privações.

Segundo dados do IBGE, no terceiro trimestre de 2020, em torno de 8,5 milhões de mulheres tinham deixado a força de trabalho. Especialistas chamam a crise econômica de “she-cession” por estar impactando, principalmente, o mercado de trabalho para as mulheres.

Porém, muitas empresas e mulheres seguem na contramão dessa disparidade no ambiente trabalhista e assumem cargos de liderança ou que são tradicionalmente ocupados por homens, ou até mesmo são donas do próprio negócio e investem para ter independência financeira e alto poder aquisitivo. Conheça algumas dessas histórias inspiradoras:

Mulheres dominam setores inteiros da indústria: Com sede em Castro (PR), a Vapza mantém um quadro de funcionários composto por 364 colaboradores (dados de janeiro de 2021). Desse total, 46,9% são mulheres, mas o que chama mais atenção é a distribuição dos cargos por sexo: das 34 lideranças existentes na empresa, 20 são femininas – o que corresponde a 58,8%. 

Além disso, existem setores compostos exclusivamente por mulheres, sendo eles o Financeiro, a Qualidade, o Refeitório e o Comércio Exterior. No setor de higienização, atuam 22 pessoas, sendo 8 mulheres e 13 homens. Nos últimos anos, a área tem sido coordenada por mulheres. Segundo os colegas de trabalho, a gestão feminina é carregada de competência e atenção aos detalhes, não só com a execução das atividades, mas com o bem-estar de cada colaborador. 

A gerente de Pesquisa e Desenvolvimento, Andreia dos Santos, faz parte do quadro de funcionários da Vapza há 20 anos. Ela iniciou a carreira como assistente de qualidade no controle de produção, passou para área de P&D e foi técnica comercial, até assumir o cargo de gerente da área. 

Mulheres são maioria em rede de fast-food e em cargos de liderança: a participação de mulheres em cargos de gerência nos restaurantes do McDonald’s no Brasil já chega a cerca de 60%. No Paraná, essa média sobe para 64%, pois são 33 mulheres que ocupam o cargo de Gerente de Unidade de Negócios nos 52 restaurantes do estado. 

Caroline é Gerente do Méqui Shopping São José

Uma dessas profissionais é Caroline Rettig, de 33 anos, atual Gerente do Méqui do Shopping São José, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, onde é responsável por liderar 34 funcionários. Professora por formação, Caroline entrou na rede há quase nove anos, como Trainee, e com muita dedicação e empenho foi crescendo na empresa até atingir a posição que ocupa hoje.

Para que isso fosse possível, fez cursos como ‘O profissional antifrágil – muito além da resiliência’ e ‘Arte de Liderar’, que a própria companhia oferece aos funcionários, e que foi responsável por ampliar sua habilidade em lidar com os desafios que o atual cargo exige. Durante a pandemia, se desdobrou ainda mais para manter a excelência em todas as áreas de sua vida, já que é casada e tem quatro filhos.

A presença de mulheres nos cargos de liderança na Arcos Dorados aumentou de 45% para 47%, no comparativo entre 2019 e o panorama atual. A empresa figura no ranking GPTW Mulher por suas iniciativas voltadas ao público interno feminino. Entre essas, estão rodadas de conversa nos restaurantes, abordando a importância da presença feminina no mercado de trabalho e incentivando a candidatura às oportunidades abertas dentro da empresa. 

Empreendedorismo feminino: Cleonice Walsikoski ocupou altos cargos em grandes empresas, mas quando optou por não mudar de cidade para ficar com a família, se viu desligada do mercado corporativo, e foi quando colocou em prática o sonho de empreender. Assim, há quatro anos, surgiu a Segredos da Cleo, loja voltada principalmente ao ramo de pijamas e lingeries, localizada no Alto da XV Mall.

Cleonice é proprietária da loja Segredos da Cleo

A empresária conta que decidiu atuar nesse segmento porque é algo que sempre gostou, mas tomou segurança em investir, de fato, após muita pesquisa e diversas consultas com o Sebrae. “Eu estudei muito e investi em algo que gosto para ajudar mulheres a recuperarem a autoestima por meio da lingerie funcional”. 

Ela também diz que, quando começou, trabalhava sozinha e lidava com todas as funções que comandar um negócio exige. Por isso, passou por muitas experiências até chegar no modelo ideal. Hoje, com um bom faturamento mesmo na pandemia, Cleo ressalta o sonho de ter uma marca própria.

“Meu objetivo é estar à frente de um projeto social que, com lingeries funcionais, volte a dar confiança e autoestima às mulheres mastectomizadas”. – Cleo

Setor financeiro com liderança feminina: A área financeira é, geralmente, comandada por homens. Mas na GT Building, a gestora do setor é Claudia Meira, que está na companhia desde sua fundação, em 2019. 

Ela iniciou carreira no setor financeiro e rapidamente identificou que seu perfil tinha tudo a ver com o segmento. Após anos dedicados à área, participando de desafios e projetos, diz ser gratificante estar à frente do departamento e que encara como conquistas diárias.

“Mesmo tendo respeito dos demais líderes e equipe, existem situações que ainda precisamos ‘lembrar’ que temos competência e experiência para liderar e dividir informações. Mas, com tempo e persistência conquistamos, sim, nosso espaço”. – Claudia Meira

Na GT Building, dos 36 funcionários exclusivos da incorporadora, 24 são mulheres, o que representa 67% do quadro total.

Mulheres estão mais ativas em importantes decisões: As mulheres estão cada vez mais assumindo o poder de decisão na hora de concretizar grandes compras. Segundo a Caixa Econômica Federal, em 2014, 37% dos financiamentos aprovados eram delas. Na Construtora e Incorporadora Pride, durante 2020, 41,1% das vendas foram para mulheres. 

É cada vez maior o número de mulheres chefes de família e responsáveis pelas contas da casa. Acredito que isso seja reflexo do empoderamento feminino e participação ativa nas decisões e planejamento familiar”, destacou a sócia da empresa, Bárbara Almeida. 

A Construtora e Incorporadora Pride possui 41% de todo o seu corpo técnico formado por mulheres, que vão desde a área administrativa até a direção da companhia. Elas também estão presentes nas obras em cargos muitas vezes ocupados por homens. Sibele Dranka, é técnica de segurança do trabalho há quase 2 anos, assim como a maioria das mulheres, já enfrentou o preconceito, mas soube driblar com muita competência e apoio da empresa.

Sibele destacou que mesmo em um ambiente majoritariamente masculino, é importante nunca perder a feminilidade.

“Eu faço questão de sempre estar com uma maquiagem, um rímel e lápis nos olhos, muitas vezes, mesmo de máscara, estou de batom. Acredito que assim, demonstro todo orgulho que tenho em ser mulher”, enfatizou.

Representatividade feminina: A Mondelēz International, líder mundial em snacks e dona de marcas como Lacta, Trident, Halls, Club Social, Bis, Oreo e Tang, anuncia seu compromisso para promover o avanço em diversidade, inclusão, representatividade e pertencimento em todas as áreas em que atua no Brasil. 

Entre as principais metas estão cumprir com 50% de cargos de liderança ocupados por mulheres até 2023 e aumentar o número de pessoas pretas e pardas dentro da empresa ainda em 2021. Atualmente a Mondelēz Brasil, além de já cumprir com a equidade salarial, também possui 45% dos cargos de liderança, a partir de gerente, ocupados por mulheres, reforçando o seu compromisso com a equidade de gênero. 

Um exemplo disso, é a gerente de manufatura da planta de Curitiba, Cibele Souza,  que administra todas as quatro unidades fabris de produtos e lidera mais de 1.500 funcionários. Cibele iniciou na companhia como estagiária em Vitória do Santo Antão, Pernambuco. Em mais de 10 anos, Cibele passou por vários setores até chegar em um dos cargos mais altos na planta de Curitiba. Outro exemplo é Flavia Sebastiani. Ela é diretora de todo supply chain do Brasil, cargo normalmente liderado por homens. Flavia organiza toda a cadeia de produção, manutenção e suprimentos do Brasil. 

Investidoras e conselheiras em startups ganham mais visibilidade: Foi a partir da necessidade de conhecer mais sobre inovação, novas dinâmicas de tecnologia e negócios digitais que Maria Cristina Ricciardi e Patricia Rego ingressaram no programa de Certificação para Conselhos de Inovação (C2i), do Gonew. Ambas destacam que a busca constante por conhecimento e qualificação tem sido fundamental para o sucesso de suas carreiras.

Após trabalhar 30 anos na área financeira, Maria Cristina Ricciardi conta que a sororidade – ajuda mútua entre mulheres – foi essencial no início da sua trajetória como investidora anjo.

Em 2017, tive a oportunidade de conhecer várias mulheres que me ajudaram e me indicaram formações. Nos cursos do Gonew ampliei meu networking com empresárias e diretoras que hoje são minhas amigas”.

A investidora ainda conta que apenas 5% dos investidores anjos no Brasil são mulheres.

“São menos de 700 profissionais que atuam nesse mercado no país. Uma geração que precisou ser autodidata, mas que está abrindo espaço para outras muheres”, explica. 

Já para Patricia Rego, conselheira certificada em inovação pelo Gonew, as empresas estão adotando uma postura mais humana, principalmente com as mulheres. Mas ainda é preciso de iniciativas concretas para alcançar um mundo mais igualitário.

As equipes precisam ser multidisciplinares, a liderança das empresas precisa ter a participação de mais mulheres e os conselhos de administração devem apostar mais no público feminino. Quando temos essa diversidade entre homens e mulheres, a empresa ganha em produtividade”.

Patricia ainda conta que o conceito “lifelong learning” faz parte de sua carreira e que “é muito importante estudar sempre, principalmente nesses últimos meses com a pandemia, em que tivemos que aprender a desaprender e reaprender coisas novas”, completa.

Mulher no setor elétrico – uma profissão em ascensão: Formar-se em Engenharia Elétrica é um dos maiores desejos de Leila de Nazaré Amador Maciel e, foi por isso, que ela veio para Curitiba. Nascida em Belém do Pará, Leila, que hoje está com 42 anos e trabalha como auxiliar de eletricista, sempre teve interesse pela área e, há um ano, teve a chance que tanto queria.

Leila Maciel é auxiliar elétrica no Grupo Noster

Sempre gostei de engenharia e foi através do Grupo Noster que tive a oportunidade de trabalhar com isso. Entrei na empresa trabalhando como auxiliar de limpeza, mas durante este período aproveitei para fazer um curso profissionalizante no SENAI e, quando surgiu uma vaga, eles me deram essa chance”, conta feliz.

De acordo com a auxiliar de eletricista, um dos maiores desafios que enfrentou durante o curso foram os olhares de desconfiança. No entanto, isso não foi motivo para desistir.

Eu era a única mulher da turma e os homens me olhavam como quem dizia: o que você está fazendo aqui? Ainda bem que isso tem diminuído. Agora existe mulher fazendo de tudo e, tudo o que quisermos fazer, podemos fazer”, afirma.

Leila conta que hoje se sente mais feliz por estar atuando na área e que no ambiente de trabalho nenhum de seus colegas a tratam com indiferença.

Faço de tudo um pouco ao que se refere a minha área e isso me faz eu me sentir muito valorizada. Sou a única mulher, mas meus colegas me respeitam. Quando surgiu a vaga cheguei a pensar que pudesse ser recusada por ser mulher, mas foi muito diferente do que imaginava. O Grupo Noster me deu todo apoio necessário e eu sou muito grata. Esta é a profissão que escolhi para minha vida e, por isso, pretendo ir mais a fundo e cursar uma faculdade de Engenharia Elétrica, para poder continuar fazendo o que tanto amo”, finaliza.

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