Comportamento do Consumidor

Ainda não sabe se comunicar com a geração prateada? Está deixando dinheiro na mesa

Até 2040, metade da força de trabalho no Brasil terá mais de 50 anos, isso é o que aponta a projeção do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O que isso significa? Que a sua marca não deve ignorar o potencial econômico da geração prateada.

A população 50+ está crescendo no Brasil e no mundo e, em breve, serão os principais responsáveis pelo consumo. Neste sentido, se você olhar para o cenário atual, acredita que a sua empresa se comunica bem com a terceira idade? Será que ele escolheria o seu produto/serviço? Esse é o tema deste artigo.

“Old but gold” – A potência da geração prateada

A expressão “old but gold”, que significa algo como “é velho mas é bom”, é comumente utilizada para descrever um assunto antigo, mas que ainda tem relevância ou valor. E, por isso, vem sendo usado para se referir à nova terceira idade que cresce a cada dia.

Segundo dados da FleishmanHillard (agência de relações públicas e marketing norte-americana), a população 50+ gera cerca de R$ 1,6 trilhão por ano para o Brasil e US$ 7,1 trilhões anualmente. Considerando que, de acordo a agência, serão 73 milhões de idosos no Brasil até 2060, eles serão quase que 50% da população brasileira.

Por isso, se a sua empresa ainda não está dando a devida atenção à geração prateada – termo dado à população 50+ em homenagem aos cabelos grisalhos – é hora de repensar, analisar o cenário e mudar sua rota.

Entendendo o comportamento de consumo da terceira idade

O primeiro passo para atrair a atenção desse público é aprendendo a se comunicar com ele. Como fazer isso? Entendendo seu comportamento de consumo, suas necessidades, expectativas e desejos.

Um levantamento recente realizado pela consultoria Tuia apontou que 99% das pessoas com mais de 60 anos utilizam a internet todos os dias e 78% desses afirmam que não precisam de ajuda de terceiros para navegar pela rede.

E para que eles usam a internet? 

Dos entrevistados, 59% usam para se manter informados, 55% para falar com amigos e familiares, 52% para aprender a usar outras tecnologias e 42% para trabalhar. A pesquisa também identificou os principais desafios que eles relatam ao navegar: falta de familiaridade com as ferramentas e a linguagem online (26%), bloqueio ou perda de senhas (15%), apagar documentos por engano (7%) e limitações motoras, visuais ou de memorização (7%).

Eles descobriram a compra on-line

Um outro levantamento, dessa vez da Kantar Ibope, descobriu que 75% dos idosos com acesso à internet já fizeram alguma transação on-line. E essa busca pelo comércio eletrônico foi motivada pela necessidade, especialmente durante a pandemia. Agora, após estreitarem relações com a tecnologia, gostaram de desfrutar dos benefícios e mantêm tal comportamento.

Será que eles usam as redes sociais?

Para 81% dos entrevistados pela consultoria a resposta é SIM! Entre as plataformas mais utilizadas pela geração prateada estão WhatsApp (92%), Facebook (85%), YouTube (77%) e Instagram (69%). 

Como atrair a atenção do público 50+?

Para se comunicar com esse público é preciso ir além e explorar outras possibilidades que diferem, e muito, do que funciona para os millenials e a geração Z. E representatividade é a palavra-chave para a sua marca aproveitar a chamada “economia da longevidade”.

Por exemplo, você não cria uma campanha única para se comunicar com crianças de 6 anos e adolescentes de 16, certo? O mesmo vale para os idosos. Achar que consumidores com 50 ou com 90 anos pensam da mesma forma é desconhecer esse público.

Dentro dessa faixa etária existe um universo de diferenças que você precisa entender. E não falo apenas de linguagem, mas aprender a diferenciar o estilo de vida, a capacidade física, emocional e cognitiva desse público.

Um outro aspecto desafiador, mas de extrema importância para gerar identificação e se conectar com a geração prateada é o uso de imagens que representem esses “novos” idosos. Percebendo o crescimento desse mercado, empresas como a GettyImages têm investido na criação de bancos de imagens mais representativos.

Uma terceira dica é: facilite ao máximo a usabilidade da sua comunicação. Já imaginou a dificuldade para uma idosa de 70 anos ler as letras miúdas de uma legenda de vídeo, por exemplo? Aposte nas letras grandes, cores fortes e contraste.

Ainda, atente-se à jornada de compra desse público. Lembre-se: eles não são nativos digitais. Por isso, encurte o número de cliques para a conclusão de uma ação e simplifique o fluxo de vendas. É simples assim.

E não podemos esquecer do mais importante: garantir a segurança on-line. Os idosos são o público mais atingido por golpes e fraudes virtuais. Portanto, faça a sua parte, evidencie e garanta que os dados deles não serão facilmente acessados.

*Carolina Fernandes é CEO do Hub Cubo Comunicação, autora do livro A Tecla SAP do Marketês, host do podcast A tecla SAP do Marketês, coautora do livro Mentalidade & Performance, palestrante e especialista em Marketing & Comunicação com mais de 20 anos de atuação.

Fontes:

Levantamento Tuia – Design de futuros: internet na terceira idade

https://tuia.design/internet-na-terceira-idade

IPEA – Dados envelhecimento população brasileira 

https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ms/artigos/conheca-o-potencial-do-mercado-da-terceira-idade,1b256993bb21c710VgnVCM100000d701210aRCRD#:~:text=J%C3%A1%20que%20o%20Ipea%20aponta,produtividade%20no%20trabalho%20nos%20idosos.

Estudo FleishmanHillard – APRENDENDO COM A GERAÇÃO PRATEADA

https://fleishmanhillard.com.br/wp-content/uploads/sites/3/2021/04/60FH.pdf

Estudo Kantar Ibope

https://veja.abril.com.br/tecnologia/pessoas-acima-de-60-anos-embarcam-cada-vez-mais-no-universo-digital

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Carolina Fernandes

Carolina Fernandes, CEO da Cubo Comunicação, palestrante, especialista em Marketing & Comunicação, com mais de 20 anos de atuação passando pelas áreas de assessoria de imprensa, agência de marketing e mundo corporativo entendendo as necessidades como cliente e acredita que o papel das agências do futuro seja criar soluções personalizadas para resolver as dores das marcas, do mercado e das pessoas.

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