Experimentar roupas e acessórios no ambiente virtual traz retorno?
Por Raquel Pereira
O comportamento do cliente em relação ao comércio eletrônico mudou imensamente nos últimos anos, passando de uma transição para uma experiência.
E, à medida que a adoção do comércio eletrônico pelo consumidor continua a acelerar e pessoas buscam mais experiências de varejo digital, as recomendações inteligentes como a personalização orientada por Inteligência Artificial (IA) tornam-se essenciais para a evolução de mercado/varejo.
Como fruto dessa evolução, a tecnologia Virtual Try On (VTO), que permite que clientes de qualquer localidade experimentem roupas ou acessórios digitalmente, sem a necessidade de vestir fisicamente o produto, tem ganhado cada vez mais força.
As últimas soluções de experimentação virtual oferecem um realismo cada vez mais aprimorado, como encadeamentos de malha corporal 3D e novas simulações de tecidos para recriar o movimento e fluidez das peças.
Hoje, o provador virtual, alimentado por RA, atende às necessidades do pipeline do varejo e marketing, permitindo que os clientes/usuários visualizem a aparência dos produtos, bem como compartilhem seus resultados.
Mais de 200 milhões de pessoas participam de experiências de RA no Snapchat todos os dias, enquanto, em 2021, mais de 700 milhões de pessoas se envolveram com RA no Facebook e Instagram durante todos os meses.
Cases de VTO aprimorado por meio de IA
Os filtros de Virtual Try On aprimorados por Realidade Aumentada (RA) oferecem experiências práticas e divertidas não só em relação a estilo, mas também em outros universos, como o de decoração, por exemplo.
A Ikea, multinacional de móveis e decoração, oferece um filtro de RA para que seus clientes excluam móveis existentes em seu espaço, com o toque de um botão, de modo a simular novos ambientes – tudo isso por meio de uma tecnologia semelhante à que sustenta a capacidade de remoção de fundo que tem surgido em novos smartphones.
Outro exemplo relevante e recente que podemos mencionar é a parceria entre Farfetch, plataforma digital de moda de luxo, e o Snapchat. As duas marcas se uniram para apresentar uma experiência que permite aos usuários a troca de roupa por meio de comandos de voz, compartilhamento de imagens e a compra dos produtos diretamente no aplicativo de mídia social.
Já a Zeekit, plataforma digital de moda do grupo Walmart, com o seu teste virtual, aprimorou sua experiência com uma nova solução chamada BE Your Own Model. Por meio dela, os clientes têm a opção de experimentar itens virtualmente, quando estiverem na página do produto, seja por meio do site ou aplicativo.
VTO como padrão do setor?
À medida que as compras online atingem novos patamares, a capacidade de visualizar antes de comprar tornou-se crucial até mesmo na fase de consideração da jornada do cliente.
Assim, de olho no Customer Experience, marcas e varejistas têm a oportunidade de atender a essa necessidade em várias plataformas, como a web, aplicativos, redes sociais, e-mail e até mesmo na loja física, por meio de espelhos inteligentes.
Essas ferramentas alimentadas por IA estão trazendo precisão às recomendações de produtos e maior facilidade para a decisão de compra.
Da mesma forma que os algoritmos em plataformas de mídia populares como TikTok, Netflix e Shopify dominaram os desejos de seus usuários, os clientes agora esperam uma experiência de varejo sob medida, personalizada para suas necessidades e interesses específicos, seja online ou na loja.
Em uma pesquisa recente compartilhada pela Fashion Snoops[1] , para mais de 46 marcas de moda, a VTO orientada por IA ficou no topo como o principal modo de aprimoramento das lojas online no último ano.
Esse marco na tecnologia de inteligência artificial abre as portas para sistemas de recomendação de produtos mais precisos e responsivos.
E apesar de serem ferramentas que tradicionalmente impulsionam as compras on-line, há uma oportunidade de implantá-las em lojas físicas por meio de tablets, assistentes de voz e espelhos inteligentes.
Ainda vale ressaltar que muitos negócios testemunharam uma redução significativa nas devoluções. A Shopify, plataforma de e-commerce, por exemplo, relatou a redução de 40% nas devoluções devido ao recurso.
Os varejistas que não fazem uso desse recurso, que pode, além da experiência de prova virtual, sugerir produtos adicionais para acompanhar a compra, acabam perdendo vendas e ficando para trás na personalização, fidelização e experiência do cliente.
À medida que mais marcas incorporam sistemas de recomendação inteligente e VTO em seus pontos de contato, a assistência e hiper personalização estão rapidamente se tornando um padrão do setor.
E essa é uma tendência que vem seguindo comportamentos e necessidades do público.
Em um mundo dominado pelo uso de redes sociais, com filtros, reels e stories, quem não adaptar o modelo de acordo com os avanços do digital dificilmente continuará convertendo vendas.