Desligamento Humanizado: Mais que essencial, é necessário colocar em prática
Você já ouviu falar em demissão humanizada?
Encerrar o contrato com um colaborador nem sempre é uma tarefa simples de ser feita. Entretanto, em determinados momentos, isso é inevitável, além de ser algo comum dentro das organizações.
Diante do cenário econômico e em decorrência da COVID-19, um assunto que ficou evidente foi a redução de equipes, pois se tornou uma decisão estratégica para muitas empresas na hora de enxugar custos e realocar recursos.
Demitir uma pessoa, mesmo quando um colaborador não atende as expectativas da empresa, não é uma tarefa simples para ninguém. Isso pode ser ainda pior nos casos em que a demissão acontece por causa de fatores alheios à vontade do empregado ou empregador, tais como os momentos de crise.
Diante da pandemia e da crise no país e no mundo, a demissão humanizada se tornou uma ferramenta ainda mais importante para as empresas auxiliarem todos os níveis da organização.
Realizei uma pesquisa com meus Stakeholders e 87% deles concordaram que as demissões são uma das questões mais difíceis de lidar em suas rotinas. Ou seja, este assunto virou pauta para gerar este artigo.
Mas antes de falarmos sobre Desligamento Humanizado, pergunto:
Como os desligamentos são realizados dentro das organizações?
Tire um momento ao ler este artigo e reflita: Qual foi a última vez em que você precisou realizar um desligamento e como você conduziu?
Feito este exercício, vamos ao conceito e como colocar em prática o assunto em cito.
Demissão humanizada é um termo que faz referência à tentativa da empresa de conduzir o desligamento de um colaborador da forma mais cuidadosa e digna possível, tendo o máximo de cuidado com sua estabilidade emocional.
O desafio de incluir a demissão humanizada é grande para os RHs e pessoas envolvidas no processo.
Como implementar na sua empresa e fazer a liderança entender a relevância de um programa como esse tanto para o ex-colaborador quanto para a imagem corporativa?
- Seja o mais transparente possível: A primeira e mais importante ação é uma comunicação honesta com o colaborador a ser desligado.
- Trate o colaborador como você gostaria de ser tratado: A base da demissão humanizada é simplesmente o conceito de que, no lugar do colaborador desligado, podia ser você. Como gostaria de ser tratado se estivesse nesse lugar?
- Na hora da demissão, traga à tona todas as conquistas/resultados realizados pelo colaborador: Dê foco a toda a estrada percorrida em conjunto com os profissionais e demonstre gratidão. Valorize a sua história na empresa!
- Se possível, tenha um programa de Outplacement*: Uma das possibilidades é oferecer uma palestra de suporte inicial para ajudar a construir bem o LinkedIn e currículo, duas das ferramentas essenciais para a recolocação. Ter um contato próximo com o profissional, apoiar ele na recolocação, ajuda na autoestima, parceria integrada e de verdade.
- Mantenha as rédeas: Manter os talentos pode ser uma tarefa árdua se os colaboradores estão se sentindo inseguros. Mais uma vez ressalto a necessidade de transparência. Bons gestores assumem o controle da situação, mas esteja aberto para as possíveis perguntas que poderão ocorrer durante o desligamento.
Por fim, o desligamento humanizado também evita que o colaborador desligado, movido por um sentimento ruim de vingança, acabe ingressando com uma ação judicial para reclamar direitos que, em alguns casos, não foram violados. Problemas desse tipo acontecem e a empresa acaba tendo prejuízos financeiros, devendo arcar com um profissional especializado para representá-la perante a justiça.
Ainda, há o próprio desconforto e o transtorno que uma ação como essa gera.
E o que não fazer no processo de desligamento humanizado?
- Deixar de planejar antes de executar a dispensa;
- Deixar a informação “vazar” antes de comunicar o colaborador;
- Demitir por meios como E-Mail, Whatsapp ou por telefone;
- Falar que o colaborador tem deficiência de alguma habilidade;
- Fazer rodeios e não ser claro;
- Pedir desculpa ao demitir o colaborador;
- Ser rude ou mal-educado;
- Expor o colaborador.
Aqui, você conferiu algumas dicas do que não fazer quando tiver que desligar um colaborador. A regra de ouro na hora de demitir um colaborador é ter bom senso.
Por mais que as emoções sejam afetadas, mantenha postura profissional e prepare-se para este momento. Fuja dos comportamentos citados aqui e garanta mais tranquilidade e profissionalismo no desligamento do colaborador.
Para concluir, o desligamento humanizado é um processo que proporciona benefícios para o colaborador demitido e para a empresa, demonstrando a sua preocupação com o bem-estar psicológico de todos os seus colaboradores, mesmo os que estão sendo desligados.
Por fim, ao adotar essa estratégia, o profissional se sente acolhido e satisfeito com a forma como é tratado durante o procedimento de demissão. Consequentemente, ele poderá se tornar um propagador das qualidades da companhia no mercado de trabalho.
“Muitas vezes é melhor falar sobre a estratégia de longo prazo da empresa, do que significa aquela medida em termos de recurso/custo e como afetará a empresa como um todo”, avalia Brosseau.
* Outplacement: Processo que pode ser adotado por empresas para diminuir os impactos de uma demissão na carreira de um profissional. A solução parte desde o planejamento de possíveis saídas de colaboradores até sua recolocação no mundo do trabalho.
Por Athayde Mendonça
Athayde Mendonça é Gerente de Desenvolvimento Humano & Marketing da Brasil Risk. Formado em Administração de Empresas, Pós Graduado em Recursos Humanos e possui MBA em Gestão de Pessoas. Atualmente está se graduando em Marketing