Liderança

Como entregar mais felicidade pode melhorar o desempenho das organizações?

Por Renato Lisboa

Pessoas que utilizam o mindset fixo têm a tendência de deixar a felicidade de lado, pois aprenderam a “crença” de que ao se empenharem terão sucesso nos negócios, e somente quando alcançarem este sucesso, é que finalmente serão felizes. A crença estabelecida é que a felicidade é o “fim”, algo que se busca como uma recompensa, ou seja, é reconhecido e valorizado, por isso é feliz.

Mas, na verdade, as novas descobertas da ciência sugerem o oposto, ou seja, já somos felizes, e assim somos mais propensos à felicidade. É como se a felicidade fosse a mola propulsora para que pudéssemos atuar na vida e assim alcançarmos os nossos propósitos. Então, definitivamente, o que se busca é o propósito, e não a felicidade.

Por exemplo, os corretores de imóveis otimistas fecham 56% mais vendas que seus colegas pessimistas. Isso porque nossa mente é programada para responder com melhores resultados quando está configurada no modo positivo. Porém, em função de como fomos influenciados, pensamos e nos comportamos com ações que nos autossabotam, e por conseguinte, isso nos impede de usufruirmos sonhos. Simplesmente porque a forma como programamos nosso cérebro nos controla e nos faz agir em muitas oportunidades em desacordo com o propósito que se quer alcançar.

Um exemplo é a pessoa obesa, que insiste em não fazer atividade física e a não comer alimentação saudável. Ela sabe que a atividade física e a alimentação saudável vão fazer bem pra ela, e podem ajudá-la a emagrecer, mas o seu comportamento é o contrário, configurando resultado oposto ao qual ela gostaria de receber.

Nos últimos anos, atendendo inúmeras pessoas com problemas dos mais diversos relacionados a saúde mental, tenho a consciência do quanto estamos equivocados em relação às nossas crenças, e que elas são as responsáveis pelo primeiro estágio do adoecimento mental.

Os novos achados da ciência apontam que a maneira mais eficiente de se engajar colaboradores e motivá-los a buscar a conquista dos propósitos empresariais é proporcionar felicidade ao invés de pressão, cobranças e tortura psicológica. Porém, é preciso entender a diferença entre proporcionar alegria e proporcionar felicidade. Alegria é uma emoção que acontece geralmente de maneira rápida.

A empresa investe no “dia da família”, em que o colaborador leva os filhos, esposas ou maridos para viverem um momento juntos no ambiente laboral. É um dia alegre, festivo, mas o dia termina, e a alegria também. O período em que a empresa paga a participação de lucro na empresa para o colaborador é um dia alegre. O colaborador recebe o dinheiro, toma as providências em relação àquele ganho, mas o dia passou, e muito provavelmente a alegria também. A alegria é boa, mas tem um tempo de atuação muito pequeno. Agora, a felicidade é um sentimento, é algo duradouro que faz a pessoa levantar todos os dias com a disposição de fazer e acontecer porque ela vislumbra a conquista do seu propósito logo ali.

Em março de 2022, conduzi um treinamento para construção de uma mentalidade positiva de oito horas para 250 analistas de uma gigante do setor elétrico. Depois disso, recebi o feedback da alta direção da empresa que o engajamento havia aumentado, e com isso o nível de produtividade também. Não se tratou de nenhum milagre, apenas a mentoria necessária para que os colaboradores se desfizessem de crenças negativas que permeavam as suas mentes e influenciavam de maneira negativa nos seus comportamentos diários sem que percebessem.

E o mesmo tem acontecido em muitas outras empresas por onde tenho passado. Mesmo diante da retração econômica que estamos passando em função dos dois anos de pandemia, muitas empresas enxergaram que treinando melhor o seu capital humano, conseguem expandir a sua produção e auferir mais lucro sem que tenha que fazer grandes investimentos.

Enfim descobriu-se que o capital humano nas empresas é um diamante bruto que, ao ser lapidado, torna-se uma preciosidade e ajuda mais efetivamente as organizações alcançarem os seus objetivos.

Estudos científicos já comprovaram como CEOs podem se tornar 15% mais produtivos ou como os gestores podem aumentar em 42% a satisfação do cliente, porém pouco ou quase nada se fez para tornar esse conhecimento em algo prático que possa mesmo reverter em benefícios para as organizações.

Então, como a felicidade, ou um treinamento de reprogramação da mente com o objetivo de entregar mais felicidade, podem melhorar o desempenho das organizações?

Primeiro é importante sabermos que a felicidade “é um prazer combinado com um senso mais profundo de sentido e propósito”. Isto é, a felicidade é algo que se vive no aqui agora e que estabelece uma perspectiva positiva para um tempo vindouro. Ao contrário, a alegria decorre do ato das pessoas buscarem apenas o prazer, e com isso experimentam apenas o benefício do prazer, sendo que a felicidade além do prazer faz a pessoa combinar o envolvimento com o senso de propósito, o que constituiu na continuidade daquela vivência.

No mundo acadêmico, encontramos centenas de milhares de estudos científicos que comprovam que a felicidade leva ao sucesso em quase todas as áreas da nossa vida, ou seja, nos relacionamentos, saúde e bem-estar, envolvimento social, resolução de problemas e, em particular, no trabalho, carreira e negócios.

Revisitando a ciência, encontramos muitos dados que comprovam que trabalhadores felizes são mais produtivos, usam mais a criatividade para fechar mais vendas, se tornam líderes mais flexíveis e se adaptam melhor às circunstâncias da vida. Recebem melhor um feedback, e reagem a ele de maneira mais adequada, e, portanto, se tornam tão imprescindíveis para a empresa que são mais bem remunerados. Certamente os benefícios de se trabalhar a felicidade no ambiente corporativo não param por aí.

Isso explica por que Richard Branson, CEO da Virgin, disse que “mais do que qualquer outro elemento, a diversão é o segredo do sucesso da Virgin”. Como executivo de resultados, Branson mediu as ações que levavam felicidade e diversão para os seus colaboradores, e o resultado é que o seu capital humano se tornava mais predisposto à criatividade e à inovação.

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